domingo, 3 de outubro de 2010

mergulho os dedos no mosaico do piano
no branco e preto das teclas amanteigadas
na dança cromática da valsa que me narra
que me amarra pelas mãos ao pesar do tempo
e que deixa a casa ainda mais vazia e silenciosa...

tropeço pelos sustenidos com os dedos amarelos
da nicotina, da fumaça, da cirrose
das unhas quebradas, dos anéis perdidos
das mãos que se foram...
convenço a melodia a me contar estórias
reinvento a (des)ordem que me trouxe até aqui
e suspendo no ar um acorde melancolicamente inquieto

e se fôssemos feitos de seda?
emaranhados por fios numa teia de música
você ficaria aqui comigo?
tal imagem colhida no útero do simbólico,
na rotura da ausência
no tempo complexo que desloca o ordinário.

os dedos se movem pelo (des)compasso
fraturando as escalas uma a uma:
menores, maiores, diminutas, inválidas, mozartianas
blues, jazz, cigarros, janelas, insetos
escalas musicais fraturadas pelos dedos amarelos...

tenho doze notas
e todo o sentimento do mundo...

Um comentário:

Unknown disse...

Que saudades dessa expressão de sentimentos.... viver neh!!?? Eu acho...pelo menos parece excitante...já minha expressão ficou essa "Eu desisti. Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar, e sim por não ter mais condições de sofrer"
Depois disso restou sentir um pouco pelos sentimento dos outros....
Cara que legal achar teu blog...