quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Perdi cinco dedos ao contar o tempo
e trinta anos me olhando no espelho
sete dias desenhando um arco-íris branco
e quase um século ao lembrar de mim
Perdi as noites maltratando os sonhos
e os sonhos a cada manhã
se foram também

Mas olha só,meu bem
as uvas, o trigo
os olhos, a boca
se esparramam pelos versos
no inverso, no inverno
no fundo do poço

- Já faz tempo que o tempo parou

girando,girando
que ciranda é essa que nos resta,meu amor?
posso lhe chamar de amor?
acho que aqui ninguém escuta...

Mas olha só, meu bem
é bom sentar na grama
desfolhar as nuvens e fazer canções
construir segredos com palitos de fósforo
e jogar pedras na água turva

- Já faz tempo que a vida não é assim

Perdi o trem enquanto fazia promessas
e todos os dias tem o peso da solidão
da palavra mal falada
de um fado desesperado...

Um comentário:

Unknown disse...

a insustentavel leveza do ser...