Às vezes passo longas horas sob as árvores...
Cubro-me com sua sombra e seu silêncio.
Respiro ofegante o aroma da relva fresca
para distrair-me da lembrança dos perfumes
que em tua espádua pus-me um dia a beijar.
Escuto atentamente o solfejo das aves
e embora não distingua um rouxinol de uma cotovia,
serve-me de auxílio contra os madrigais
que tu me acalentavas durante as noites.
Às vezes passo longas horas sob as árvores...
Alimento-me da sua solidão resignada;
E estendo o braço ao cipreste envelhecido
enquanto toco suas folhas tristes
como no inverno te abraçava enternecido
e dizia-te com a voz rouca de paixão: "te amo"
Às vezes passo longas horas sobre as árvores
para recuperar-me dos breves anos
que passei sob teu regaço.
2002
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