domingo, 31 de outubro de 2010

cartografia de um poema

nesses mares, eis que navegaremos
e na fúria das tormentas, em noites de sacrifício
ou nas águas de um pacífico marulho,
somos náufragos inconstantes de uma só viagem
completamente perdidos na incompletude do ser

Se eu pudesse chegar a ti
como os navegantes chegam ao continente
mas teu caminho, meu bem, não pode ser desvelado
pois é feito fora das estrelas que guiam os horizontes
pois é horizonte em si mesmo
ponto suspenso de signos e poesia

teus versos não se decifram pela bússola do vento
mas sigo ao longe tuas linhas e teus hemisférios
pois pelos mares e bares e ruas
eis que navegaremos em rotas e sombras

o mapa da tua poesia é feito de carne
procuro em tuas mãos uma rosa sem ventos
e na tua boca um cais de chegada
e nos teus olhos de mar um não-sei-o-que de partida...

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