O Amor enfim fechou-se sobre si
e levou consigo as flores ásperas
que tornar-se-ão um dia rubras
como o grande espírito do amante.
E conservou-se assim: quase esquecido,
tecendo em seu manto púrpuro a própria dor
e observando a chuva fina e cinzenta
que era sua única companheira entristecida.
Às vezes um canário cético e magistral
repousava sobre o parapeito da janela
e caçoava do Amor por ser deveras emotivo;
e este tinha vontade de chorar languidamente...
O velho cipreste, que gemia seus galhos
quando o vento invernal lhe tocava as faces,
acreditava que o Amor estava velho demais
para continuar se torturando assim
e que já não tinha mais o frescor e o zênite
que circulava nas veias dos poetas passados.
E assim, quase esquecido, o Mestre dos sentimentos
escreveu um volume de contos e fábulas,
mas ao final queimou-o por não condizer
com o próprio tempo em que vivia.
Nunca ninguém soube o que o Amor
Queria dizer...
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