Um dia, um momento e acontece....
Súbito e indolor,
marrom como uma cusparada de fumo
E acontece de repente
não é necessária uma grande revolução
nem uma punhalada em praça pública
acontece no olhar distraído, no olhar perdido no outro
no olhar que não é espelho
que já não é mais dividido como outrora
como espelho que se partiu
acontece sem estilhaçar, sem gritos, sem lamentos em voz alta
Simplesmente acontece
e é como se um pássaro voasse
ainda cambaleante pelos anos em cativeiro
mas que aos poucos reconhece que ali não é mais o seu lar
e que é hora de partir
Acontece num domingo ou numa terça-feira
às vezes entre uma cerveja e outra
às vezes atravessando a rua sem olhar o semáforo
Mas de repente acontece
e é como morfina, paliativo sublime
que acontece e desacontece e volta a acontecer
é intermitente, mas assim como na febre
o delírio diminui até cessar
e um dia cessa...
e um dia acontece...
...o amor derrete
Um comentário:
Feliz de te ver escrevendo :)
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